Criar ou não um aplicativo mobile (app) de minha empresa? Eis a questão

Se você ainda não se deparou com essa pergunta, saiba que antes do que imagina terá que tomar esta decisão. Qualquer pessoa ou empresa pode criar um aplicativo mobile (ou contratar quem o crie) e publicá-lo nas “lojas” on-line para ser baixado e utilizado em iPhones e outros smartphones e dispositivos móveis. A pergunta é: quem e como utilizar essa facilidade para promover uma marca ou uma gama de produtos?

Nem sempre o fato de ser possível e acessível significa que todos devem adotar essa solução, ainda mais quando não houver uma definição muito clara do papel do app como parte integrante de outras iniciativas e estratégias de divulgação e interação com o cliente e com o mercado. Quem se lembra da era em que os sites começaram a se popularizar, quando ter um site se tornou praticamente obrigatório? Até hoje muitas empresas têm um site sem saber muito bem para quê ou como utilizá-lo a seu favor, e para complicar ainda mais, como aliar o site às redes sociais e outras formas de interação com o cliente. Se for este o seu caso, comece melhorando seu site para depois pensar na possibilidade do aplicativo.

Se for para fazer, melhor que seja bem feito, certo? Aqui, bem feito significa, principalmente, ser adequado aos seus clientes e à sua estratégia de negócio. Isso implica em duas coisas básicas: 1. Conhecer seus clientes; 2. Ter uma estratégia bem clara. Se você não conhece seu cliente de forma documentada, use as facilidades do mundo digital e faça pelo menos uma pesquisa, pode ser por e-mail mesmo, com ferramentas como o Zoho (possui modos gratuitos de criação de formulários e pesquisas). A dica é ter cuidado ao formular as perguntas, pois elas indicam o que você está disposto a melhorar e não podem servir para frustrar seu cliente com algo que é inatingível para você. Lembre-se de manter a pesquisa curta e estabelecer prazo para retorno, se possível com alguma recompensa, por exemplo, desconto em um produto ou serviço. O segundo aspecto é o estratégico. Por mais que soe normal tocar um negócio com base no feeling, colocar as ideias no papel e pensar no mínimo cinco anos à frente não vai lhe tomar tanto tempo assim e pode lhe poupar muito dinheiro e até mesmo possibilitar sua sustentabilidade. Para quem não quer ou não sabe fazer, terceirize, simples assim – além de não deixar de fazer, isso pode lhe trazer novas visões sobre seu negócio.

Voltando às origens da tecnologia móvel, o principal benefício dos celulares, laptops e outros dispositivos móveis é, adivinhe, a mobilidade, o fato de estar sempre à mão. Tente olhar o perfil de seu cliente e o que ele quer ou precisa. Pode ser um atendimento mais direto, uma opção a mais para comprar ou um acesso mais fácil às informações sobre seus produtos ou serviços. Conheça inclusive qual marca ele utiliza, o que definirá se o app será criado para o sistema iOS (para iPhones), Android (Samsung, LG etc.) ou ambos. Com isso você terá um objetivo e poderá focar o uso.

Cuidado com as ideias sem pé nem cabeça de alguns desenvolvedores, que poderão tentar lhe vender o app mais completo e tecnologicamente avançado, pois muitas vezes não é isso que seus clientes precisam e querem. Um exemplo: na Postal Saúde, plano de saúde dos Correios, onde atuei, o público é composto por empregados dos Correios e seus dependentes, incluindo pai e mãe, ou seja, idosos. O aplicativo de celular, apesar de parecer uma saída não muito boa para esse público, é um sucesso e é muito utilizado, pois traz apenas o básico e necessário: informações sobre a rede credenciada, com pesquisa por endereço ou nome, imagem da carteirinha (que muitos esquecem em casa) e autorizações para exames e procedimentos (idem). Assim o app também não ocupa muito espaço na memória do aparelho, outra característica importante, até porque a média de apps instalados por aparelho hoje no Brasil é mais de 30, o que não deixa espaço para aplicativos pesados.

A escolha de quem fará a criação do app é fundamental. Diferente do que muitos podem imaginar, é um serviço específico e deve ser realizado por quem entende do assunto e não feito pela mesma empresa que fez o site “porque ela deve entender desse assunto também”. Há detalhes complexos tanto na programação quanto no registro do app nas lojas iOS e Android. Vale lembrar que deve ser feito um contrato com valores, prazos e itens bem detalhados, constando até mesmo se o serviço consistirá somente na criação e publicação do app ou também um valor mensal ou avulso para eventuais manutenções/atualizações. Neste caso a recomendação é definir claramente a quantidade de horas por item e a determinação de indicadores SLA (Service Level Agreement) – termo utilizado na área de tecnologia que significa Acordo de Nível de Serviço e protege a empresa contratante de eventuais abusos e erros, geralmente com foco em prazos para atendimento e resolução de chamados – para evitar possíveis falhas no cumprimento do acordado.

A última sugestão é sempre exigir no contrato que a empresa desenvolvedora lhe transfira os códigos-fonte, arquivos de backup, dados de login, senhas de acesso e demais itens, além de publicar o app em seu nome nas lojas (iOS e/ou Android), porque assim você, que está pagando, garante sua propriedade sobre o app e pode fazer o que bem entender com ele, mesmo depois de vencer o contrato com a empresa desenvolvedora.

Se você tiver estas definições, o restante, que também é importante (como layout e usabilidade), será o complemento para um aplicativo que, sem dúvida, trará benefícios ao seu cliente e ao seu negócio.

André Policastro Fernandes da Silva
MBA em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) – São Paulo (SP) e Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), possui experiência em agências de propaganda nas áreas de criação e produção e nos últimos 15 anos atuou em empresas como a Libbs Farmacêutica e o Instituto Racine, em São Paulo (SP), e a Postal Saúde – Caixa de Assistência e Saúde aos Empregados dos Correios, em Brasília (DF), coordenando e gerenciando atividades em Comunicação, Jornalismo, Marketing, Relações Institucionais/Governamentais e Captação de Recursos no Brasil, América Latina e Europa, além da realização de consultorias para entidades e empresas do setor da saúde e de Life Sciences. Atualmente é CEO e Consultor-Chefe da Partena – Consultoria em Marketing, Comunicação e Negócios (www.partena.com.br).

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