Responsividade pra que te quero

As mudanças no mundo moderno nunca foram tão rápidas. Quer uma prova? Você se lembra de quando foi a primeira vez que ouviu falar de Facebook e WhatsApp? Apesar de parecer que eles sempre estiveram em nossas vidas, há pouco mais de doze anos não existia Facebook e WhatsApp poderia no máximo ser confundido com uma gíria em inglês, que significa “Qual é?”, “Beleza ?”.

Há cerca de um ano, em fevereiro de 2015, o Google comunicou ao mundo que a partir do dia 21 de abril daquele ano passaria a “esconder” em seus resultados de busca sites que não estivessem preparados para pesquisa e navegação por smartphones, tablets e demais dispositivos móveis, motivado pelo crescimento do uso destes para acesso à internet. Na ocasião a empresa afirmou: “Essa mudança afetará as pesquisas móveis em todas as línguas ao redor do mundo e irá ter significantes impactos nos nossos resultados de busca”. Assim, veio definitivamente à tona um termo que poucos antes conheciam: responsividade.

Ainda que muitos possam já ter ouvido esta palavra e alguns saibam o que é responsividade, vale uma pausa para explicações: responsividade é a capacidade de adaptação automática de um site aos vários formatos de telas existentes, ou, mais detalhadamente, os elementos do site responsivo se movem e se reagrupam automaticamente conforme o tamanho e a posição de leitura da tela, sem prejudicar o conteúdo ou descaracterizar a identidade, mesmo que para isso alguns itens sejam modificados, por exemplo, o menu superior geralmente deixa de ser exibido integralmente e se torna uma lista a ser clicada para seleção. Veja abaixo imagens do site responsivo da Partena – Consultoria em Marketing, Comunicação e Negócios (www.partena.com.br), na visão de quem acessa por um computador de mesa e ao ser aberto na tela de um smartphone.

Partena_Desktop
Topo do site na visão desktop
Partena_Smartphone
Topo do site na visão smartphone

Tornar um site responsivo, como se pode imaginar, não é simples e normalmente necessita ser refeito ou criado do zero, por questões técnicas ou estéticas, e algumas vezes nem mesmo as empresas que prestam estes serviços estão prontas e possuem profissionais aptos para criar sites responsivos, portanto boa parte dos sites não mudaram e até hoje continuam não-responsivos, isso sem contar que muitos novos sites foram e seguem sendo criados sem responsividade. Por que então estes sites não-responsivos continuam ativos e até mesmo bem posicionados nas páginas de busca do Google? Após o impacto inicial da medida não ser tão amplo quanto se esperava, o Google tratou de amenizar a situação, ressaltando que há 200 fatores de ranqueamento em seu algoritmo e a responsividade foi apenas incluída entre eles. Mas vale lembrar que o Google é uma empresa e pode mudar suas regras como bem entender, principalmente desde que informe antecipadamente, como fez neste caso, ou seja, é verdade que a qualquer momento sites não-responsivos podem perder posições valiosas nas páginas do Google.

Como nada no mundo é perfeito, ainda mais quando se trata de tecnologia, alguns desafios ainda precisam ser vencidos quanto à responsividade, como falhas recorrentes na adaptação automática de conteúdos, ocasionando desconfigurações e desalinhamento de elementos, o que é bastante compreensível quando se pensa na imensidão de diversidade proporções e formatos de telas existentes atualmente e certamente está sendo alvo de estudos para melhorias.

Além de considerar a importância da posição nas páginas de busca do Google, ter um site responsivo é algo que deve ser seriamente avaliado simplesmente por que é preciso estar onde seus clientes estão. E possibilitar que seu público encontre e navegue pelo seu site utilizando o celular e outros dispositivos móveis pode fazer toda a diferença e influenciar significativamente seus resultados. A tendência é focar as pessoas e não os devices (“aparelhos”), e adivinhe em qual tipo de device as pessoas consultam cada vez mais seus e-mails, pesquisam e acessam sites, trocam mensagens etc.? Cada vez menos pelos computadores desktop, os tradicionais “PCs”, e cada vez mais, exclusivamente ou mais frequentemente, através dos smartphones, tablets, notebooks e afins. No ano passado, mais de 15% do tráfego mundial na web aconteceu por meio de dispositivos móveis e a cada 5 compras efetuadas pela internet 4 envolveram o uso de smartphone. Se lhe conforta saber que seu site abre em celulares etc., mesmo que de forma precária e sem responsividade, saiba que mais de 60% das pessoas abandonam um site não-responsivo quando acessam pelo celular ou tablet e quase metade não retorna mais a um site onde enfrentou problemas de navegabilidade.

Muito se fala, se estuda e se argumenta sobre a especialidade do marketing digital, abordagem a novas tecnologias, estratégias online, mas pouco se lembra que as bases para o sucesso de um negócio continuam as mesmas: é preciso compreender o cliente, planejar, agir e mensurar, assim como se faz há muito tempo e até os comerciantes dos becos mais empoeirados de mercadinhos árabes milenares sabem e aplicam, à sua maneira, em seus negócios – muitos deles provavelmente não precisam de um site, muito menos um site responsivo, mas, pensando bem, um site e ainda mais um site adequado pode trazer mais clientes e negócios a qualquer “lojinha” em qualquer canto do mundo, afinal, quem nunca programou uma viagem com boa parte dos passeios e lojas selecionada antecipadamente pela internet? Depois de fazer a lição de casa em termos de planejamento e definição de estratégias de marketing e comunicação em geral, é preciso analisar os pormenores do mundo digital e planejar ações que, aí sim, especialistas conhecem como ninguém, somente não vale deixar para estes a responsabilidade de gerir a estratégia como um todo, isso sempre é papel de quem enxerga o contexto, sejam os donos ou os gestores das empresas, que inclusive devem cuidar da integração das ações digitais com as demais.

Mudanças profundas em setores tradicionalmente avessos à agilidade também estão ocorrendo ou sendo verdadeiramente estudadas. O mundo da moda é um ótimo exemplo de novas atitudes e quebras de paradigmas neste sentido. Os tradicionais desfiles antes eram reservados aos profissionais da indústria e formadores de opinião, que influenciavam a mídia, que divulgava as coleções meses depois para o grande público, que esperava outros meses até encontrar algumas peças parecidas nas lojas. Hoje algumas marcas já promovem a transmissão de desfiles em tempo real pela internet e compõem suas estratégias com inspiração na geração IWWIWWIWI (I Want What I Want When I Want; “eu quero o que eu quero quando eu quero”), um público que não sabe esperar meses para a compra de um produto após ter seu desejo despertado. Pensando nisso, a marca Burberry anunciou no começo deste ano que alinhará o varejo ao desejo do consumidor, ou seja, as roupas do desfile estarão nas lojas da marca logo após a apresentação, de forma instantânea. Outros estilistas se manifestaram e devem adotar a mesma prática, se preparando para a mudança total de calendário, que está sendo analisada e consistiria em apresentar a coleção de verão no verão e a de inverno no inverno.

Outro setor, este notadamente reconhecido pela burocracia e por depender dela para obter lucros, está sendo impactado pela tecnologia e pelos dispositivos móveis: os cartórios. Em um mundo em que serviços estão na palma das mãos e soluções como serviços financeiros, por exemplo, não dependem mais de lojas físicas, a tendência é que todos tenham seus dados e de seu patrimônio salvos na nuvem, ou seja, não em um computador ou uma pasta física, mas em um arquivo virtual acessível pela internet. Ao vender um carro, por exemplo, o documento será enviado do vendedor ao comprador pela internet. Novas formas de reconhecimento poderão ser adotadas, como a biometria, o reconhecimento facial ou ocular e o QR Code, imagem que armazena informações e pode ser lida pelo celular, substituindo o reconhecimento de firma em cartório, hoje praticamente obrigatório para qualquer negócio no Brasil. As garantias para uma transação continuarão sendo fundamentais, o que mudará é a forma de fazer negócios. A expectativa é que uma nova tecnologia, chamada blockchain, permita economizar dinheiro e ganhar tempo, beneficiando pessoas físicas e jurídicas. O blockchain surgiu em 2009 para dar suporte ao bitcoin, uma moeda virtual, e poderá ser utilizado também para confirmar transações simultâneas, cuja essência é a capacidade de centralizar e armazenar dados, distribuindo as informações e preenchendo documentos virtuais automaticamente, conforme a transação. Também se espera que sejam reduzidos os diversos cartões e plásticos que carregamos e seja adotado um número único para cada indivíduo, substituindo RG, CPF, título de eleitor, passaporte e outros.

Você pode se preparar para novas e crescentes realidades, ou perder contato com seus clientes atuais e potenciais e deixar espaços livres para sua concorrência. Mais atual do que nunca é a frase “Adaptar-se ou morrer”. Devemos ter cuidado extremo ao olhar o mundo à nossa volta e definir nosso papel nele. Pergunte se isso é verdade à Kodak, uma gigante da fotografia que foi à falência em plena era da popularização das fotografias e dos selfies, pois não anteviu a agilidade e capacidade dos smartphones e tablets e a redução drástica do uso dos filmes fotográficos.

Se mesmo depois de todos estes argumentos você ainda não se convenceu de que mudanças acontecem, independente de sua estratégia ou vontade, que tal testar a responsividade de seu site e sentir como um internauta navegaria por ele no celular, por exemplo? Você também pode descobrir se ele é responsivo e o nível de responsividade acessando a página de teste do Google, onde pode testar também qualquer site que desejar, até mesmo de seus concorrentes.

É importante salientar que uma ou outra adaptação apenas geralmente não resolvem problemas como um todo. Ter um site responsivo pode ser excelente para seu negócio, mas isso não basta. Uma logomarca ruim em um site moderno e responsivo continua sendo uma logomarca ruim. Um texto mal escrito em um site que possui ótima navegabilidade continua sendo um texto mal escrito. No mundo dos negócios, em plena era da informação, cada um dos detalhes pode ser muito prejudicial ou extremamente benéfico para sua empresa, portanto esteja sempre atento a eles, providencie soluções principalmente para os problemas que geram mais impactos em seus resultados e sua imagem e integre todas as ações com agilidade, inclusive no campo do marketing e da comunicação, pois o tempo é curto e de profundas mudanças.

Nota:
O Facebook foi fundado em 4 de fevereiro de 2004 e desde então já virou tema de filme de Hollywood e conquistou mais de 1 bilhão de usuários, além de ter adquirido o WhatsApp, em 2009, por 16 bilhões de dólares.

Fontes:
G1 (http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/04/google-passa-esconder-sites-descalibrados-com-o-mundo-movel.html)
Raffcom (http://www.raffcom.com.br/blog/sites-responsivos-ranquearao-melhor/)
IDGNOW (http://idgnow.com.br/internet/2016/01/22/tendencias-para-o-e-commerce-em-2016-segundo-a-criteo/)
FFW (http://ffw.com.br/blog/business/entenda-a-mudanca-de-calendario-que-ira-transformar-o-sistema-de-moda/)
UOL (http://tab.uol.com.br/burocracia/)

André Policastro
MBA em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) – São Paulo (SP) e Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), possui experiência em agências de propaganda nas áreas de criação e produção e nos últimos 15 anos atuou em empresas como a Libbs Farmacêutica e o Instituto Racine, em São Paulo (SP), coordenando e gerenciando atividades em Comunicação, Jornalismo, Marketing, Relações Institucionais/Governamentais e Captação de Recursos no Brasil, América Latina e Europa, além da realização de consultorias para entidades e empresas do setor da saúde e de Life Sciences. Atualmente é autor e gestor de conteúdo do blog RG Farma (www.rgfarma.com.br) e CEO e Consultor-Chefe da Partena – Consultoria em Marketing, Comunicação e Negócios (www.partena.com.br).

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